Seleção Nacional - Garra, Querer e Ambição, conseguimos uma qualificação histórica!
O complicado, tornou-se descomplicado. O difícil, tornou-se fácil. Se me dissessem há 3 meses atrás que estes dias iam ser reais, eu não acreditaria.
É difícil para alguns acreditar que a Seleção Nacional
Portuguesa poderia vir a derrotar 2 seleções acima do seu próprio ranking
mundial – éramos consideradas uma espécie de underdogs. Ainda é mais
difícil acreditar que deixámos a Bélgica e a Islândia pelo caminho.
Eu era uma dessas pessoas, confesso. Vou deixar o parlapier
para outra altura, e vamos falar das exibições gigantes da nossa equipa das
Quinas.
Portugal vs. Bélgica:
O jogo que se previa mais difícil naquela que era a nossa
escalada para o Mundial de 2023. A Bélgica é a seleção número 19 no ranking
mundial. Algo que por si só já nos dá uma noção da responsabilidade que este
jogo nos trazia.
Portugal conseguiu enfrentar a Bélgica de cabeça erguida. Durante
a primeira parte soube aproveitar as faltas de atenção por parte das belgas com
sucessivas investidas à baliza. Sucedeu uma oportunidade aos 29 minutos na
sequência de uma recuperação de bola de Andreia Norton, dando seguimento ao
cruzamento de Joana Marchão e marca Portugal por Diana Silva. A equipa das
quinas segue em vantagem até instantes antes do intervalo, quando na sequência
de um pontapé de canto, a bola bate no braço de Joana Marchão, e com o recurso
ao VAR é assinalada grande penalidade.
Empate ao intervalo. Dominante, criativa e capaz de destabilizar a seleção
belga, a equipa das quinas acaba a primeira parte superior a uma Bélgica
adormecida e sem ideias.
Entrada para a segunda parte, e Portugal mantém o mesmo
registo da primeira metade de jogo, continuando a criar mais oportunidades de
golo. A Bélgica ainda coloca a bola no fundo das redes duas vezes, mas um golo é anulado devido a falta
sobre a guardiã portuguesa; o segundo golo, marcado por Tessa Wullaert, é
assinalado fora de jogo com a intervenção do vídeo-árbitro. Portugal avança
assim na segunda parte como uma equipa dominante, com posse de bola, várias investidas
pelos corredores, e a aproveitar os erros cometidos pela seleção belga que se
demonstra irreconhecível. É no decorrer de um destes erros que surge um lance
duvidoso sobre Diana Silva, assinalado penálti numa primeira decisão, sendo
revertido para um livre com expulsão da jogadora belga. Aos 88 minutos, de um
pontapé de canto – cedido após o livre perigoso de Carole Costa – surge o golo
de cabeça de Fátima Pinto que sela a vitória histórica de Portugal.
Destaques: destacar as 150 internacionalizações de
Ana Borges. Parabéns pelos 150 jogos de quinas ao peito Capitã!
E claro, deixar o destaque àquelas que, a meu ver, considero
que foram as melhores em campo, nomeadamente:
Ana Borges, excelente jogo da internacional
portuguesa ao longo dos 90 minutos. Desde cortes cruciais, recuperações de bola
e a forte pressão no lado direito, anulando assim a presença de jogadoras como
Janice Cayman;
Andreia Norton, tem vindo a acostumar os adeptos a
exibições exímias, e este jogo não foi exceção. Faz a recuperação de bola para
o primeiro golo e mostra-se decisiva no meio-campo com a sua agilidade e jogo
de pés;
Diana Silva, correu, correu e correu. 90 minutos e 1 golo, e Diana Silva parece não se cansar de correr por todo o campo. Auxiliou na defesa, conduziu jogo e criou múltiplas oportunidades. Não deixou nada por fazer.
Portugal vs. Islândia:
Tarefa ainda mais complicada para
a seleção portuguesa, que defrontava a seleção número 14 do ranking mundial. Portugal
parte para este jogo com o mesmo 11 inicial que defrontou a Bélgica.
Se com as belgas já era tarefa
difícil, agora então ainda se tornava mais um desafio.
Uma primeira parte particularmente
dominada pela equipa das quinas que procurou não dar vantagem às islandesas. As
jogadoras portuguesas foram ganhando vantagem através de investidas rápidas e evitando
os lances de bola parada que pudessem beneficiar a seleção islandesa. Portugal
beneficia de mais oportunidades de golo, mas ainda assim são insuficientes para
mudar o marcador. A Islândia ainda ameaçou perto do intervalo, mas sem sucesso.
Regresso para a segunda parte,
marcado no meu ver, por uma Islândia mais possante e com garra. Esta acaba por se
adiantar no marcador, mas após análise do lance de golo, é assinalada falta
sobre Diana Silva. Lance invalidado para as islandesas. Aos 53 minutos a
Islândia fica reduzida a 10, o que na minha opinião, vai condicionar parte do
jogo das nórdicas até ao prolongamento. Marca Portugal aos 54 minutos, na
conversão de grande penalidade por Carole Costa e 4 minutos depois as
islandesas empatam de novo a partida por Viggósdóttir. Até ao fim do tempo
regular, é Portugal quem possui mais oportunidades para desbloquear o marcador,
mas sem sucesso, tendo ainda sido marcado uma grande penalidade que acaba
revertida.
Prolongamento:
entrada de ouro da seleção portuguesa, que aos 90’+2’ sai no contra-ataque, e
Diana Silva de forma brilhante remata a bola, enganando e sentando a guardiã
islandesa. Na segunda parte do prolongamento surgem os dois golos finais de
Portugal. O 3º de calcanhar por Tatiana Pinto e o 4º por Francisca Nazareth,
num lance mágico em que é tocada por uma das defesas, mas mantém-se firme e
ameaça duas vezes até chutar para o fundo das redes.
Destaques: Este foi um
jogo impróprio para cardíacos. Um bom jogo de todo o coletivo de Portugal, no
entanto, quero deixar este destaque para as entradas de Francisca Nazareth e
Andreia Jacinto, e também para Diana Silva e Tatiana Pinto. A entrada das duas
jovens em campo mexeu com o jogo e já temos vindo a ter provas que ambas fazem
a diferença no 11 português. É tempo de dar oportunidades a estas jovens, é
tempo de as ver brilhar em palcos grandes.
Por fim, Diana Silva voltou a
fazer uma exibição extraordinária na qual nunca baixou os braços, procurou sempre
o golo e esteve constantemente a dar apoio em todo o lado do campo. Tatiana
Pinto esteve irrepreensível – a meu ver já o esteve no jogo com a Bélgica – e
andou por todo o lado. Acabou por ser recompensada com o golo que já vem a
merecer há muito tempo.
“O que dependia de
nós era ganhar e conseguimos. Agora, estamos focados nesse jogo de fevereiro. O
que vier, virá por bem.” – Francisco Neto
Estendi-me um pouco, mas não sei como sintetizar estes dois
jogos fantásticos sem ser desta forma, e muito menos quero deixar de parte a
emoção que este jogo nos trouxe. Fizemos a nossa parte. Venha o playoff de
fevereiro.
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