Sport Lisboa e Benfica vs Sporting Clube de Portugal (28/08/2021)

 

📷 Fernando Ferreira


Não é como começa, é como acaba. Mas começar assim dá outro alento para enfrentar as duras batalhas que se avizinham! 💚🦁


ANÁLISE AO JOGO 

Primeira parte: Surprise, surprise! Por esta ninguém esperava! Enquanto que a equipa encarnada se apresentou em campo no seu 4-4-2 losango habitual, a equipa Leonina surpreendeu tudo e todos, e apresentou-se em campo num claro 3-5-2 (não entendo quem afirma que se apresentaram em 4-3-3...), com um duplo pivot defensivo (Andreia Jacinto e Fátima Pinto), onde Alícia Correia aparecia como terceira central. O jogo foi, desde o primeiro minuto, extremamente disputado a meio campo, registando-se alguma superioridade do Benfica, que demonstrava mais clareza nas suas ações e maior capacidade para reter a posse de bola, que contribuía para que se conseguissem aproximar com perigo da baliza Verde e Branca. As Leoas demonstravam demasiada incapacidade para manter a posse de bola e circular a mesma com critério, o que foi permitindo demasiadas investidas da equipa encarnada. O Benfica acabou por estar muito próximo de abrir o marcador em 3 ocasiões, no entanto, encontrou sempre a oposição da guardiã Leonina, que demonstrou imensa segurança e manteve a baliza Verde e Branca inviolada! Ao intervalo, o marcador continuava a marcar 0-0.

Segunda parte: Não sei qual a mensagem que a Mister Mariana passou às jogadoras ao intervalo. O que é certo é que, na segunda parte, entrou em campo uma equipa renovada, muito mais intensa, pressionante, esclarecida e perigosa, capaz de fechar espaços ao Benfica e atacar com critério. Numa jogada muito bem trabalhada pelo lado esquerdo do ataque, as Leoas conseguiram chegar à merecida vantagem. Excelente abertura da Joana Martins no corredor esquerdo, com a Diana Silva a ganhar a linha, cruzamento atrasado e finalização precisa da Brenda. Simples e eficaz, e estava feito o primeiro golo do jogo, que foi seguido de uma explosão de alegria por parte de toda a equipa e dos adeptos Verde e Brancos. O Benfica pareceu acusar o golo, e o Sporting foi crescendo cada vez mais e, sem arriscar em demasia, foi mantendo as encarnadas afastadas da sua baliza, muito embora ainda tenha permitido a Ana Vitória uma finalização, que esta acabou por desperdiçar em posição privilegiada.  Aos 84 minutos, Joana Marchão, acabadinha de entrar, faz o 2-0 final, ao forçar a guarda redes encarnada a errar, sabendo aproveitar esse erro da melhor forma. Passe falhado, remate de primeira, golo! E que explosão de alegria no estádio! Jogadoras, treinadores, staff, adeptos. Juntos, a comemorar o golo que parecia sentenciar a partida. Os minutos finais do jogo pautaram-se pelas várias tentativas de reduzir, por parte das encarnadas, que foram sempre muito bem resolvidas pelas Leoas. Chegou o minuto 94, e ficou consumada a (muito merecida) vitória da equipa Leonina!

Na generalidade: Primeira parte dominada pelas encarnadas, que apenas não conseguiram chegar ao golo devido a 3 excelentes intervenções da guardiã do Sporting. Notou-se alguma distância entre setores, nomeadamente entre o meio campo e o ataque, o que complicava muito as tarefas das avançadas Verde e Brancas, principalmente de Marta Ferreira, que adotou uma posição mais fixa, em comparação com a Diana Silva. O meio campo das Leoas jogava muito próximo da linha defensiva, de forma a evitar o (forte) jogo entre linhas das encarnadas e, particularmente, de Kika Nazareth. No entanto, demonstrámos alguma incapacidade em ganhar segundas bolas durante a primeira parte, o que permitiu ao Benfica criar situações de perigo. O nosso meio campo também esteve algo apagado durante a primeira parte, tardando em apoiar as avançadas que, sempre que ganhavam a bola na frente, se encontravam muito sós. No momento defensivo, e principalmente após marcar o primeiro golo, a equipa Leonina pareceu adotar um sistema de 4-4-2, fixando mais a Ana Borges na lateral, numa linha defensiva a 4. No momento ofensivo, no entanto, mantinham a construção/saída a 3. Com o passar dos minutos, e principalmente na segunda parte, Brenda Pérez (para mim, a melhor em campo), começou a pegar no jogo, e toda a equipa melhorou. Começámos a ver uma Andreia Jacinto mais solta, a conseguir fazer o que faz de melhor - transportar a bola em progressão, e a distância entre o meio campo e o ataque, que se tinha vindo a registar desde o início da partida, começou a desaparecer. As Verde e Brancas adotaram uma atitude mais pressionante e reativa à perda de bola, o que forçou o Benfica a errar e a ser incapaz de criar ocasiões de golo. Soubemos aproveitar as ocasiões de que dispusemos, fomos mais eficazes, soubemos gerir os momentos do jogo, e fomos as justas vencedoras do mesmo! Foi uma vitória na raça, na garra, no querer, na inteligência e na união! 

Notaram-se, no entanto, algumas falhas de comunicação e marcação (acompanhamentos mal efetuados, sobreposições), que devem ser corrigidas, e são, certamente, decorrentes do facto de o novo sistema de jogo/dinâmicas ainda se encontrar em fase de consolidação.


Sport Lisboa e BenficaFiel a si mesma, a equipa encarnada abordou o jogo com a mesma intensidade e qualidade com que aborda qualquer outra partida. Dominou os primeiros 45 minutos de jogo, procurando o golo desde o primeiro minuto, tendo disposto de 3 oportunidades claras para marcar, todas elas defendidas pela guarda redes Leonina. Com uma Andreia Faria em grande plano (para mim, a mais esclarecida durante a primeira parte), uma Kika Nazareth sempre irreverente e capaz de descobrir espaços entre linhas, foi sendo capaz de ganhar vários duelos a meio campo, onde se superiorizou à equipa Verde e Branca. Já na segunda parte, e com a entrada forte do Sporting, foram surgindo alguns erros e alguma ansiedade para marcar, o que levou a que as jogadoras Leoninas assumissem o controlo do jogo e se aproximassem mais vezes, e com mais critério, da sua baliza. Após se encontrar em desvantagem, as encarnadas pareceram algo desorientadas e incapazes de assumir o jogo. Destaque para uma grande perdida de Ana Vitória, que faria o 1-1 e relançaria a partida. As melhores jogadoras da equipa encarnada, para mim, foram a Andreia Faria e a Kika Nazareth, sendo que a Pauleta me pareceu algo apagada, tal como a Sílvia Rebelo e a Catarina Amado.


ANÁLISE INDIVIDUAL DAS JOGADORAS

> Doris Bačić: Muralha! É a primeira palavra que me vem à cabeça para descrever a exibição da nossa nova guardiã! Sempre muito segura nas suas intervenções, com 3 grandes defesas durante a primeira parte, que permitiram à equipa Leonina manter a sua baliza inviolada. Pareceu-me, no entanto, algo frágil a jogar com os pés, algo que deve ser (e estará, certamente) trabalhado.

> Carolina Beckert: Que jogaço! Para mim, uma das 3 melhores jogadoras em campo! Entra, de forma algo surpreendente (não porque não tenha qualidade, mas dada a qualidade da última época da Bruna, era esperado que fosse titular) no 11 inicial mas, sem dúvida que encaixa na perfeição neste sistema de 3 centrais. Rápida, com um sentido posicional acima da média, muito forte no 1x1 (não me recordo de uma vez que tenha ido "à queima"), tem tudo para agarrar um lugar no 11, semana após semana. Tem também uma capacidade de liderança muito interessante, e a forma calma e composta como aborda cada lance é de realçar. Com apenas 21 anos, tem ainda muita margem de crescimento.

> Melisa Hasanbegović: Bom jogo de estreia para a nossa central, onde demonstrou autoridade e experiência. Jogadora imponente, com boa qualidade de passe (embora tenha falhado alguns passes longos - o timing precisa de ser afinado com o timing de desmarcação das jogadoras da frente), forte no jogo aéreo e no 1x1. Não é a Nevena, pelo menos por agora, mas tem tudo para se afirmar como a patroa da defesa Verde e Branca.

> Alícia Correia: Que boa surpresa! Surge como 3ª central, numa linha a três (central do lado esquerdo), e demonstra muita competência nas suas ações, tal como já nos vem habituando. A facilidade que demonstra para entender o jogo, os seus momentos, e a forma madura como aborda cada lance, são dignos de realce, e deixam-nos muito esperançosos quanto ao futuro. O futuro desta jovem da formação (mais uma) adivinha-se risonho!

> Ana Borges (C): Que dizer de Ana Borges... Volta a envergar a braçadeira de Capitã, após a saída da Nevena, e que bem lhe fica. A sua entrega, garra, o seu pulmão aparentemente infinito, a forma como joga e faz jogar, e como lidera em campo, são acima da média. Com toda a ala direita sobre a sua alçada, fez mais um excelente jogo e demonstrou que os anos não pesam. Esteve em todo o lado, quer a defender, quer a atacar (várias arrancadas dignas de registo).

> Brenda Pérez: Que qualidade! Nota-se que é uma jogadora bastante acima da média. A nossa pequena média (só mesmo em tamanho) jogou e fez jogar. Começou o jogo de forma algo intermitente, mas assim que ganhou confiança, começou a assumir as rédeas do mesmo e toda a equipa cresceu. Muito forte nos duelos (surpreendeu-me, dada a sua compleição física), joga sempre de cabeça levantada. É daquelas jogadoras que, no momento em que recebe a bola, já sabe exatamente onde a pretende colocar. Pensa e age com muita rapidez. Acaba por finalizar a excelente jogada que origina o 1-0 com uma simplicidade e qualidade a fazer lembrar o goleador da equipa masculina - Pedro Gonçalves. Acredito que a sua qualidade de jogo evolua bastante com o decorrer dos jogos e o aumento do entrosamento com as colegas de equipa. Dada a excelente exibição realizada, é ovacionada de pé pelos adeptos Sportinguistas no momento em que foi substituída. Foi, para mim, a melhor jogadora em campo!

Fátima Pinto: Raça, determinação, entrega, força. São apenas algumas palavras para descrever a exibição da Fátima Pinto. No entanto, continuo a achá-la algo pesada, lenta, à semelhança da época passada (principalmente desde que voltou de lesão). Durante a primeira parte teve várias perdas de bola em zona proibida, tendo sido forçada a recorrer várias vezes à falta. Cresceu na segunda parte, tal como toda a equipa, tendo sido muito importante no momento defensivo da equipa, e acabou por assinar também ela uma exibição bastante positiva. 

> Andreia Jacinto: Esteve algo apagada na primeira parte, tendo em conta o nível exibicional a que nos habituou. Assim que o entrosamento a meio campo melhorou, notou-se uma maior presença da Andreia Jacinto, soltando-se e tornando-se mais interventiva no jogo. Cortes importantes, inteligência e clarividência na primeira fase de construção (como gosto de a ver a sair em progressão). Uma excelente exibição da nossa jovem, que tem aqui mais uma época para continuar o seu crescimento e ir de encontro ao enorme potencial que demonstra!

> Joana Martins: A par de Fátima Pinto, foi, para mim, o elemento "menos" do meio campo Leonino. Tem uma grande visão de jogo e qualidade técnica (foi dela o passe para a desmarcação da Diana Silva, que origina o primeiro golo), mas acabou por protagonizar demasiadas perdas de bola durante a primeira parte. Faltou capacidade para, também nos primeiros 45 minutos, apoiar a Alícia de forma mais efetiva no momento defensivo. Também ela foi crescendo no jogo e acabou por assinar uma exibição positiva.

> Diana Silva: Que bom é ter a Diana de volta à equipa! Qualidade técnica, velocidade acima da média, pulmão infinito, enfim, tanto para dizer. Fez uma excelente exibição no jogo que marcou o seu regresso à Equipa Feminina do Sporting. Muito pressionante na frente de ataque (muito batalhou em conjunto com a Marta Ferreira), sempre disponível para apoiar no momento defensivo (deu muito apoio na ala esquerda), acabou por efetuar a assistência para o primeiro golo da partida - ganhou a linha (deixou a Sílvia Rebelo a comer pó), levantou a cabeça e fez o cruzamento atrasado, para a finalização precisa da Brenda. Só lhe faltou mesmo o golo, para ser um regresso ainda mais perfeito. Excelente jogo, que venham mais assim!

> Marta Ferreira: Jogo algo "ingrato" para a nossa avançada. Muito sozinha no ataque (durante a primeira parte, pois era a avançada mais fixa - recebia muitas vezes a bola e o apoio tardava em chegar), acabou por não conseguir aproveitar um erro gritante de Catarina Amado, e inaugurar o marcador ainda na primeira parte. Sempre muito batalhadora, muito pressionante, a procurar forçar o erro adversário, voltou a demonstrar toda a sua capacidade para jogar de costas para a baliza. Tem uma qualidade técnica acima da média, bem como uma visão de jogo bastante aprimorada. Acaba por ser substituída por Joana Marchão, já muito desgastada. Boa exibição da nossa jovem!

 

Substituições

> Neuza Besugo: Entrou em campo aos 70 minutos, para o lugar de Joana Martins. Cumpriu, tendo alguns cortes interessantes, pelo lado esquerdo do meio campo. É uma jogadora intensa, com muita garra, que pode acrescentar em várias posições diferentes.

> Joana Marchão: O que dizer? Entra em campo e, cerca de 1 minuto depois, marca o 2-0. um golaço que sentenciou o jogo! Muita qualidade de Joana Marchão, que atuou numa zona do campo pouco usual (frente de ataque), mas onde demonstrou, mais uma vez, toda a sua inteligência e qualidade, ao aproveitar o (enorme) erro da guarda redes encarnada. Penso que, neste novo sistema implementado pela Mister Mariana, iria encaixar que nem uma luva no vértice esquerdo do meio campo (ala esquerda, com Ana Borges na ala direita, "era mel").

> Ana Teles: Pouco tempo em campo para poder ser alvo de qualquer tipo de avaliação. Entrou e, nos poucos minutos que esteve em campo, certamente cumpriu o que lhe foi solicitado. Tem muita qualidade e potencial, estou curiosa para ver o que pode acrescentar a esta equipa e a este sistema de jogo.


Forma perfeita de começar a época! As Leoas têm aqui um importante boost anímico para enfrentar a época 2021/2022, principalmente após o desfecho duro e injusto que teve a época 2020/2021. A conquista desta Supertaça vem trazer alguma justiça a esta equipa, que não irá parar de crescer e lutará sempre pela vitória em cada jogo e competição que dispute! Classe de Mariana Cabral nas declarações pós jogo, onde agradece às jogadoras e equipa técnica anteriores, que colocaram a equipa em posição para disputar o primeiro troféu da época.

Novas jogadoras, nova equipa técnica, novo sistema de jogo, novas rotinas. Noto ainda alguma incapacidade na gestão da posse de bola, relativamente ao ano passado, o que é natural, dada a quantidade de novas jogadoras e ideias de jogo ainda a ser desenvolvidas e consolidadas. Isto vai afinar com o decorrer do campeonato e eu acredito que iremos sorrir muito durante a época que agora se iniciou. Se seremos campeãs? Se voltaremos a erguer outro troféu? Não sei, não sou adivinha, e este campeonato será extremamente competitivo. Mas eu confio nas capacidades desta equipa (jogadoras e equipa técnica) e estou certa que o crescimento será enorme e irão sempre honrar o símbolo que carregam ao peito!


A Supertaça já está, venha a Liga BPI, a Taça de Portugal e a Taça da Liga!
No Sporting jogamos sempre para ganhar! Vamos Leoas! 💪💚🦁


SL, Margarida 🦁

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