Balanço Final - Época 2020/2021

 

📷 Sporting Clube de Portugal


Passadas cerca de três semanas, já com a cabeça mais fria, sinto que é o momento de fazer o balanço desta época tão atípica.

Infelizmente, e por motivos quer profissionais, quer pessoais, acabei por não conseguir concretizar algo que tinha definido para o blog... A minha análise individual de cada jogadora. No entanto, penso que neste balanço conseguirei exprimir a minha (muito pessoal) opinião acerca de várias das jogadoras, dado que vou identificar aquelas que mais se destacaram, bem como aqueles que considero terem sido os momentos chave para o "insucesso" da equipa, bem como as minhas expectativas para a próxima época...

Devido à situação pandémica que vivemos desde março de 2020, altura em que, por decisão do governo e da DGS, se procedeu à interrupção e posterior encerramento da Liga BPI (tal como diversos outros campeonatos a nível nacional), a época 2020/2021 foi bastante atípica. Foi alterado o seu formato, regressando a "tempos passados", com o reaparecimento de duas séries - série Norte e série Sul, uma fase de Apuramento de Campeão, onde participam as melhores 4 equipas de cada série, e uma fase de Apuramento de Manutenção, dividida também em duas séries. Poderia alongar-me imenso acerca deste formato, mas não o vou fazer, até porque teremos que nos habituar ao mesmo, dado que a época 2021/2022 irá decorrer nos mesmos moldes. Assim sendo, no que respeita à época transata:

> Início tardio, o que levou a que diversos clubes tivessem uma pré-época bastante longa (com exceção do Benfica que, por participar na Liga dos Campeões, iniciou a competição mais cedo);

> A fase regular ficou marcada, a Norte, por uma disputa acesa pelo primeiro lugar, entre o sempre candidato Sporting Clube de Braga, e o recém promovido Futebol Clube de Famalicão, e que conseguiu mesmo garantir o primeiro lugar na classificação. A maior surpresa, a meu ver, foi a não qualificação do Valadares Gaia para a fase de Apuramento de Campeão, visto ser uma equipa sempre muito competitiva, com um projeto estruturado e consistente, e um plantel recheado de qualidade. Por outro lado, o surgimento de um Clube Condeixa, com um plantel muito interessante, e diversas jogadoras de grande qualidade, que acabou por garantir a manutenção e teve a oportunidade de lutar pelo Apuramento de Campeão, na sua época de estreia na Liga BPI. A quarta vaga foi ocupada pelo Clube Albergaria, um clube histórico do futebol feminino português, que também apresenta sempre plantéis muito bem construídos e competitivos.

> A Sul, assistimos ao domínio das duas equipas profissionais, o Sporting e o Benfica, que "atropelaram" toda a concorrência e, desde muito cedo, garantiram um lugar na fase de Apuramento de Campeão. O Sporting apresentava, durante toda esta fase, o seu melhor futebol, dominando completamente os adversários, assumindo a posse de bola desde o primeiro minuto de jogo, promovendo a sua rápida circulação, muito objetiva, com um processo de jogo muito coletivo. Dominou, inclusive, o jogo que disputou na Tapadinha, contra o Benfica, vencendo por uns claros 3-0 e vulgarizou taticamente essa mesma equipa. Foi, sem dúvida, o Sporting, a equipa que melhor futebol praticou durante toda a fase regular do campeonato, apresentando muita consistência defensiva e capacidade finalizadora, tendo, naturalmente, garantido o primeiro lugar da série Sul. O Marítimo foi uma das equipas que conseguiu garantir uma vaga na fase de Apuramento de Campeão, algo que, para mim, não foi surpresa, dado o plantel de qualidade que apresentam, e a capacidade de lutar pelo resultado de qualquer jogo, mesmo contra as equipas "grandes". Dispõem de jogadoras muito aguerridas, muito compactas a defender e fortes no contra ataque, onde se destaca a Telma Encarnação. A grande surpresa da série sul foi o apuramento direto do Torreense, treinado pelo professor Nuno Cristóvão. Muito embora tenham um plantel com qualidade, nada fazia prever que conseguissem ultrapassar equipas como o Estoril Praia, o Ouriense (muito aquém do esperado, pelo contexto complicado que atravessou, devido a um surto de Covid-19 no seio do plantel) ou o Amora, este último cujo projeto fazia antever muito melhores resultados (mais ao nível daquilo que apresentou na fase de Apuramento de Manutenção).

Focando-me agora mais no nosso Sporting Clube de Portugal...

Muitos afirmam que a equipa Leonina perdeu o campeonato no penúltimo jogo disputado, em Braga. Pois eu discordo. Muito embora possa afirmar que SEMPRE ACREDITEI, ATÉ AO ÚLTIMO MOMENTO, que poderíamos ser campeãs (não o digo apenas por dizer, a verdade é que acreditei mesmo!), o momento que determinou a nossa derrota foi o empate caseiro contra o Famalicão, no primeiro jogo da fase de Apuramento de Campeão. Porquê? Porque foi nesse momento que senti, pela primeira vez esta época, que as nossas jogadoras duvidavam das suas capacidades, e se começavam a deixar afetar pela pressão da "obrigatoriedade" de vencer. Foi um jogo muito duro, fisica e emocionalmente, por todos os contextos que se fizeram sentir durante o mesmo (arbitragem, no mínimo, ridícula; vantagem numérica que não se refletiu em vitória). Após este embate, a nossa capacidade de decisão no último terço ficou extremamente afetada, e as vitórias que se seguiram foram sempre mais "sofridas" no que à finalização diz respeito. As jogadoras eram as mesmas, o modelo de jogo também. Criávamos dezenas de oportunidades, mas os golos não apareciam, e a equipa, com o passar do tempo, ia-se notando cada vez mais insegura. Pelo menos, foi isto que fui sentindo, jogo após jogo. Durante o extremamente exigente mês de março, conseguimos obter alguns resultados muito importantes, que pensei que fossem suficientes para balancear a equipa e lhes dar um boost emocional importante - duas vitórias contra o Braga e uma contra o Benfica. No entanto, a forma como saímos derrotadas na final da Taça da Liga, maioritariamente por nossa própria incompetência (sem tirar mérito ao Benfica, que neste momento era uma equipa "rejuvenescida" com a entrada da Filipa Patão, e que entrou com tudo no jogo da final e foi muito competente na forma como defendeu a sua baliza após a expulsão da Beatriz Cameirão), voltou a afetar muito a equipa, do ponto de vista emocional. Muito embora as nossas jogadoras tenham sempre lutado, e muito, pelo objetivo final, a verdade é que nos momentos cruciais, não demonstrámos ser a equipa madura que tínhamos a obrigação de ser, visto a "rotação" que a grande maioria das nossas jogadoras já apresentava, quer a nível de clubes, quer a nível de seleções. Éramos uma equipa jovem, mas experiente, completada com jogadoras mais inexperientes e a cumprir o seu primeiro ano sénior. No entanto, houve outro fator que, para mim, foi determinante. E não, não vou falar da competência da treinadora, pois já todos sabem a minha opinião sobre esse assunto, ou a qualidade do futebol praticado já que, para mim, fomos durante grande parte da época, a equipa que praticou melhor futebol. Refiro-me sim à profundidade no plantel ou, neste caso, a falta dela. Com isto quero dizer que, por mais qualidade que as nossas jogadoras tivessem (e têm, é inegável), não tínhamos um plantel com opções de igual qualidade para todas as posições. Se, por exemplo, a nossa baliza estava segura, com 2 excelentes guarda-redes, o mesmo não podemos dizer, por exemplo, do nosso meio campo e ataque, pois quando comparamos com o Benfica, verificamos que as soluções de "banco" no seu plantel eram todas de qualidade, no mínimo, equivalente, capacitadas para "fazer a diferença" e não para "apenas" cumprir. Um exemplo disso é o facto de, por exemplo, se darem ao luxo de ter no banco a Matilde Fidalgo. Infelizmente, em alta competição, todos os pormenores contam, e este, a meu ver, acabou por ser determinante, contribuindo para que saíssemos derrotadas e sem conseguir conquistar qualquer título. No entanto, como "nem a vitória significa que está tudo certo, nem a derrota significa que está tudo errado", tenho alguns destaques bastante positivos que gostaria de partilhar convosco:

> Inês Pereira: aquela que, para mim, é a melhor guarda redes portuguesa da atualidade, afirmou-se como a titular da baliza Leonina, assinando uma época extraordinária, com defesas de grande qualidade, com muita influência na primeira fase de construção das Leoas, sendo determinante para o sucesso da equipa. É, com extrema tristeza, que a vejo sair do nosso clube. Quem quer que seja que a venha substituir, tem uns "big shoes to fill".

> Joana Marchão: Mas que época da nossa lateral! Para mim, a melhor época que fez desde que chegou ao Sporting. Muito sólida a defender, muito forte nas subidas pelo flanco esquerdo, sendo capaz de desequilibrar ofensivamente, com cruzamentos teleguiados. Muito forte também nas bolas paradas e muito inteligente taticamente. Tem mais um ano de contrato com o Sporting e, a meu ver, deveremos fazer de tudo para renovar por mais 2/3 anos.

> Alícia Correia: Esta menina da formação, com os seus tenros 17 anos, estreou-se pela equipa principal do Sporting e teve a difícil tarefa de substituir Joana Marchão, que se encontrava lesionada. Sejamos honestos, nenhum de nós sentiu qualquer insegurança ao ver jogar a Alícia, tal a maturidade que sempre apresentou. Forte técnica e taticamente (muita cultura tática!), capaz de jogar na esquerda e na direita, com boas movimentações em terrenos interiores e excelentes subidas pela ala, muito humilde e trabalhadora. Estou muito curiosa com o seu futuro, pois perspetiva-se uma grande evolução!

> Bruna Lourenço: Que crescimento! Chegou ao Sporting ainda muito jovem e, após uma grave lesão, a nossa Bruna voltou a trabalhar a tempo inteiro com o plantel principal na passada época. Em 2020/2021, após a saída da Carole Costa e da Mariana Azevedo, consegue agarrar o lugar ao lado da capitã Nevena, tornando-se uma das titulares indiscutíveis, mesmo com a chegada da Mónica Mendes que todos assumiram que vinha para ser titular... Mas a verdade é que isso não aconteceu, e a Bruna conseguiu agarrar o lugar e assinar exibições de elevada qualidade e muito seguras. O seu sentido posicional, a sua capacidade para progredir com bola, o jogo aéreo, foram muito bem trabalhados e os resultados estão à vista. Ainda com 22 anos, poderá evoluir ainda mais.

> Mariana Rosa: Confesso, foi aquela jogadora que não me cativou logo à partida. Após o jogo em Albergaria (06/02/2021), fiquei com sérias dúvidas da sua capacidade para ser titular pelo Sporting. No entanto, jogo após jogo, a sua confiança foi crescendo e o crescimento foi cada vez maior. É uma jogadora muito competente defensivamente, não se escondendo dos duelos, com muita capacidade técnica e muita noção posicional, que ainda pode crescer mais! Peca um pouco na tomada de decisão ofensiva, algo que deverá ser trabalhado. Jogadora com ADN Sporting, inside and out, que deverá continuar a ser aposta, de forma a que a sua evolução continue e se possa tornar na jogadora que tem capacidade para ser! 

> Andreia Jacinto: Classe! É a palavra que me vem à mente quando vejo esta menina a jogar. Muito madura para a idade que tem, pode vir a ser a próxima patroa do meio campo Leonino! Basta tornar-se um pouco mais intensa em campo, e não "adormecer" em certos momentos. Faz parte da idade e do processo de crescimento e amadurecimento, não só da atleta, como também da jovem que é. Apresenta uma cultura tática acima da média, algo a que as nossas meninas da formação nos têm vindo a habituar, tendo sido capaz de agarrar o lugar no 11 titular, partilhando o triângulo do meio campo das Leoas com a dupla Pinto. A sua característica, que mais me chamou à atenção, é a capacidade de progredir com bola. Muito muito forte no transporte, não só pela sua constituição física, como pela sua elevada qualidade técnica, que a torna muito difícil de desarmar em progressão, sem recorrer à falta. Teve uma quebra anímica após o jogo da final da Taça da Liga, mas foi bem gerida e rapidamente voltou às boas exibições. O futuro avizinha-se brilhante! 

Dada a saída da professora Susana Cova do comando técnico da equipa Leonina, bem como de, nada mais nada menos do que 9 (!) jogadoras, avizinha-se um ano de "recomeço". Confesso que me encontrava bastante apreensiva, no entanto, o regresso da Diana Silva, as assinaturas de contrato profissional por parte das nossas jovens Carolina Jóia e Francisca "Kika" Silva, bem como a apresentação da nossa Mariana Cabral como treinadora principal da equipa sénior, deixa-me muito entusiasmada e esperançada para o futuro! Competência é algo que não falta à nossa jovem treinadora que, além disso, está completamente consciente do significado de ADN Sporting, e conhece, como poucos (ou nenhuns) as jogadoras Leoninas e o projeto que se tem vindo a desenvolver desde 2016/2017. No entanto, como todos sabemos, a aposta na jogadora da formação tem que ser complementada com jogadoras com provas dadas e que aportem muita qualidade ao plantel. Desta forma, deixo aqui alguns nomes que atuam na nossa liga e que gostaria de ver de verde e branco:

> Guarda Redes:
    - Rute Costa (Famalicão);
    - Bárbara Santos (Marítimo).
   - Fala-se bastante na contratação da Dani Neuhaus do Benfica, mas não me parece que a terceira (!) guarda redes dos rivais seja a melhor aposta para assumir a titularidade no Sporting (isto assumindo que a Carolina Jóia ainda não irá assumir a titularidade).

> Defesa:
    - Gi Santos (Famalicão);
    - Mariana Azevedo (Famalicão) - seria um regresso.

> Meio Campo:
    - Tânia Mateus (Marítimo);
    - Ana Rute (Condeixa);
    - Maria Negrão (Famalicão) - talvez a contratação que mais gostaria de ver concretizada!

> Ataque:
    - Vitória Almeida (Famalicão) - pouco provável, pois deverá acompanhar o treinador João Marques, e assinar contrato com o Braga;
    - Telma Encarnação (Marítimo);
    - Chandra Davidson (Torreense).

Por outro lado, são esperadas algumas subidas ao plantel principal, sendo previsível que, pelo menos, as seguintes jogadoras da formação integrem a pré-época Leonina:

> Beatriz Conduto;
> Carolina Jóia;
> Francisca "Kika" Silva;
> Matilde Raposo;
> Margarida Sousa;
> Bárbara Lopes;
> Vera Cid;
> Joana Dantas;
> Margarida Caniço.


Se é certo que a (muito atípica) época 2020/2021 foi uma época falhada, no que a títulos diz respeito, penso que acabámos por conseguir construir uma base para as épocas que se avizinham, com a subida e afirmação de diversas jovens jogadoras no plantel sénior, cimentando dinâmicas e processos coletivos muito importantes! Espero, muito sinceramente, que possam disponibilizar à Mister Mariana tudo (invistam na secção e na equipa sénior!) aquilo de que ela precisa para poder construir o nosso sucesso, algo que esteve notoriamente em falta no último ano (até ia mais longe, mas foco-me apenas na última época...), pelo menos a nível sénior. Sem investimento não há milagres, e por mais que se batalhe, por mais que as jogadoras e equipas técnicas trabalhem e se esforcem, se queremos ser "um dos maiores da Europa" teremos que agir como tal! Nós, adeptos, estaremos sempre aqui para elevar esta equipa e apoiar nos melhores e piores momentos!


"Que a Nossa Crença seja a Vossa Força!" 

Venha 2021/2022! 💪💚🦁


SL, Margarida 🦁





Comentários

  1. Espero que acertes nalguns desses nomes porque gostava de as ter do lado de cá. Pessoalmente gostava que viesse a Rute Costa - acho-a muito boa tecnicamente - e a Chandra. As restantes conheço mal mas pela forma como escreveste fiquei curioso com a Maria Negrão. Vamos ver, mas acredito que vamos ter uma equipa competitiva.

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