Sporting Clube de Portugal vs Sport Lisboa e Benfica (26/09/2021)

 


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"Elas sabem que têm que acreditar, e acreditam. Basicamente é isto. Acreditam nelas, acreditam nas colegas, acreditam no projeto do Sporting e, quando isto acontece, é muito mais fácil."
Mariana Cabral 
💚🦁



ANÁLISE AO JOGO 

Primeira parte: Forte entrada do Benfica, mas que não assustou as Leoas, que não se desorganizaram e souberam manter a cabeça fria. Aos poucos foram sendo capazes de assumir o jogo, a posse de bola, começando a aproximar-se com perigo da baliza encarnada. Um golaço de Brenda Pérez ao 10 minutos de jogo, e um penálti inteligentemente ganho por Diana Silva, ao lutar por uma bola que parecia perdida (que velocidade), e sublimemente executado por Joana Marchão (vai-se habituando a molhar a sopa contra as encarnadas), demonstravam a superioridade que as Leoas tinham sobre as encarnadas, e o controlo que tinham do jogo e dos seus momentos (controlo ≠ domínio). Muito eficazes no controlo da profundidade, pressionando intensamente, mas apenas no seu meio campo, principalmente após se encontrarem em superioridade numérica, e fechando espaços entre linhas, a eficácia das Leoas nas suas ações foi crescendo durante o jogo, enquanto que o nervosismo da equipa encarnada ia crescendo. Após a lesão de Catarina Amado, e os largos minutos durante os quais foi assistida e retirada de campo, as Leoas reentraram algo apáticas e, após uma má abordagem defensiva de várias jogadoras, cederam à pressão alta do Benfica e Carolina Beckert acabou por cometer um erro e permitir que Valéria fizesse o 2-1. Pouco depois, a árbitra Sandra Bastos apitou para o intervalo.

Segunda parte: Quando muitos esperavam que o erro e golo sofrido a fechar a primeira parte afetasse as Leoas, a verdade é que se passou exatamente o contrário. Entrada demolidora e, aos 47 minutos, Joana Martins arrisca o remate de longe, bate Carolina Vilão (fica mal na fotografia), e faz o 3-1. A partir desse momento, a quebra anímica na equipa encarnada foi evidente, e o seu jogo ficou muito partido, com Kika a ser incapaz de assumir a construção e fazer a ligação com o ataque. As Leoas não se resignaram com o resultado e, sem arriscar em demasia e apostando na velocidade de Diana Silva, ampliou a vantagem ao minuto 61, após grande passe de Marta Ferreira e um irrepreensível chapéu de Diana Silva. A treinadora encarnada mexia no jogo, mas a verdade é que, a sua equipa nunca pareceu capaz de contrariar a organização tática das Verde e Brancas, que iam fechando espaços. O Benfica ainda conseguiu introduzir a bola na baliza por duas vezes, no entanto, ambos os golos foram anulados por fora de jogo. Ainda houve tempo para, após mais um passe magistral, Diana Silva fazer o bis, num lance em que Carolina Vilão falha por completo na abordagem ao mesmo. A reação de Carole Costa espelha a "cabeça perdida" das encarnadas nesta fase do jogo. Até final, o Sporting limitou-se a fazer o que tão bem tinha feito até aí. Controlar o jogo. Jogar a um, dois toques, apenas procurar atacar com segurança e nunca se descompensar. 

Na generalidade: O Sporting alterou um pouco o seu esquema tático. Embora muitos defendam que se manteve no seu, agora "usual", sistema de 3 centrais em momento defensivo, para mim, a equipa Leonina apresentou-se num 4-4-2, distribuído como 4-1-3-2. Na primeira fase de construção, aí sim, uma saída a três, com a descida de Joana Marchão para junto das centrais e a subida de Ana Borges na ala contrária. E que bem se enquadrou este sistema, e as tarefas atribuídas a cada jogadora, naquilo que o jogo pedia. Com uma linha de 4 capaz de retirar profundidade às avançadas encarnadas, as Leoas conseguiram assim anular aquela que era a maior arma das suas adversárias - a capacidade para explorar as costas das defesas. Embora com 2 jogadoras extremamente rápidas e móveis na frente de ataque, o Benfica viu-se incapaz de criar situações de perigo para a baliza Verde e Branca e, quando o fez (exceção para uma excelente oportunidade de golo para Cloé Lacasse, logo nos instantes iniciais do encontro), a jogadora que finalizava encontrava-se em fora de jogo.
Com um meio campo cada vez mais entrosado, já a demonstrar algumas dinâmicas interessantes, muito forte nas transições ofensivas e defensivas, as Leoas de Mariana Cabral foram conseguindo anular um Benfica que se apresentou algo perdido em campo e incapaz de se impor no jogo. Embora o resultado tenha sido bastante dilatado, não houve um "atropelamento" da equipa Verde e Branca às águias. Este foi um jogo bastante disputado, principalmente a meio campo, que se decidiu pela frieza e inteligência tática das jogadoras Leoninas, e respetiva equipa técnica, que demonstraram muita competência em praticamente todas as suas ações e estratégias, respetivamente. É claro que, com uma Brenda Pérez a gerir os momento de jogo, e uma Diana Silva numa forma extraordinária, bem como um grupo equilibrado, coeso e recheado de qualidade, tudo fica mais fácil.


Sport Lisboa e Benfica: Irreconhecível! A equipa encarnada não reage bem quando se encontra em desvantagem no marcador, e isso foi notório no jogo de ontem. A sua entrada no jogo foi, como sempre, bastante forte, e até foi das encarnadas a primeira oportunidade de golo. No entanto, após o 2-0, as águias nunca mais pareceram ser realmente capazes de assumir o jogo, e começaram a precipitar-se um pouco nas suas ações. Para mim, a Andreia Faria e a Catarina Amado (as melhoras para a jovem jogadora encarnada!) iam sendo as jogadoras mais interventivas e esclarecidas. No entanto, notava-se alguma insegurança defensiva, principalmente após o intervalo, quando Joana Martins faz o 3-1 para as Leoas. A partir desse momento, a equipa quebrou e nunca mais conseguiu tomar as melhores decisões. Confesso que entendi a entrada da Kika, era importante para o Benfica começar a ter a capacidade de jogar entre linhas (Ana Vitória esteve muito abaixo do nível a que nos habituou), mas a saída da Andreia Faria foi algo que me confundiu, visto que a jovem média estava a ser das melhores jogadoras encarnadas em campo, muito forte na reação à perda e na progressão com bola. Durante toda a segunda parte, o Benfica tentou lutar contra a superioridade das Leoas, mas nunca foi capaz de o fazer de forma eficaz. Com a entrada da Nycole, começámos a ver a Cloé Lacasse a descer mais no terreno e a tentar organizar jogo, mas as jogadas iam sendo bem resolvidas pelas defesas Verde e Brancas. Algo que ficou claro neste jogo, é o facto de o Benfica, na minha opinião, não ter em Carolina Vilão uma opção muito viável a Letícia, principalmente em jogos de elevada exigência (há muito que defendo que a Carolina Vilão não é guarda redes de equipa grande...). As próprias colegas de equipa demonstraram alguma falta de confiança na guardiã, principalmente na sua incapacidade para controlar a profundidade.
Veremos como irão as encarnadas reagir a este resultado, nunca esquecendo que esta foi apenas a segunda jornada, e da primeira fase da Liga BPI...


ANÁLISE INDIVIDUAL DAS JOGADORAS

> Doris Bačić: Bom jogo da guardiã, onde acabou por ter menos trabalho do que aquilo que é esperado. Muito segura sempre que chamada a intervir. Demonstra ainda alguma insegurança a jogar com os pés, mas com treino, todos evoluem.

> Ana Borges (C): Excelente jogo de Ana Borges. Sempre muito aguerrida e forte nos duelos, foi dona e senhora da ala direita das Leoas, tendo sido sempre muito competente nas abordagens defensivas. Conseguiu anular a Lúcia Alves, defesa muito ofensiva e "agressiva" nas suas ações. 

> Carolina Beckert: Vamos esquecer o erro que originou o golo do Benfica, e apreciemos a evolução da jovem central. Muito segura a sair a jogar, sem hesitações, foi a voz de comando da linha mais recuada das Leoas. Foi, mais uma vez, capaz de ganhar várias bolas em velocidade, e a sua abordagem aos lances é efetuada sempre no timing correto. Não vai à queima, consegue condicionar a jogadora adversária, obrigando-a a progredir para a zona do terreno que menos lhe convém (pé mais fraco). Enfim, estou cada vez mais fã!

> Melisa Hasanbegović: Exibição muito sólida da nossa central. Forte e imponente na marcação, dominadora nos lances aéreos, apenas peca um pouco pela sua falta de velocidade. No entanto, vai compensando através do seu posicionamento, transmitindo muita confiança às suas colegas de equipa.

> Joana Marchão: Mas que jogadora se tornou a nossa Marchão! Forte defensivamente, "agressiva" e aguerrida, dona de um pé esquerdo invejável, tem pilhas duracell, e uma entrega extraordinária. A capacidade que apresenta para fazer todo o corredor é extraordinária, e a sua vocação ofensiva continua a dar frutos, tendo sido protagonista de algumas e perigosas incursões atacantes. Marca, de forma irrepreensível e indefensável, o penálti que origina o 2-0.

Fátima Pinto: A nossa "pitbull" está a melhorar dia após dia. Algo "presa" desde o regresso de lesão (já lá vão uns mesinhos), parece começar a recuperar a sua melhor forma. A posição mais recuada do meio campo Leonino assenta-lhe muito bem, pois a sua inteligência posicional e a sua intensidade nos duelos (e capacidade para os ganhar) são mais valias para toda a equipa. Esteve muito segura e autoritária durante todo o jogo.

> Brenda Pérez: Que classe tem a nossa espanholita! Com ou sem bola, é um deleite vê-la jogar. A sua capacidade de ler o jogo é muito acima da média, e a forma como sabe, no momento em que recebe bola, onde a vai colocar, tornam-na numa jogadora diferenciada. Um golão e uma assistência magistral (Christie Ucheibe ainda deve andar às voltas no meio campo), fizeram de Brenda a melhor jogadora em campo pela segunda vez em 3 jogos. Para mim, a contratação do ano! Assim que as dinâmicas com a restante equipa estiverem realmente cimentadas, este meio campo vai dar que falar!

> Andreia Jacinto: Mais uma excelente exibição da nossa jovem média (é importante referir "jovem", pois a sua qualidade até nos faz esquecer que tem apenas 19 anos). Com Fátima Pinto responsável por zonas mais recuadas, a nossa Jacinto conseguiu oferecer ao jogo aquilo que melhor a caracteriza - capacidade de transporte de bola em progressão e rápida reação à perda de bola, com recuperação da mesma. Foi muito importante para a manobra defensiva da equipa, pois o seu sentido posicional e a sua capacidade de pressionar no timing certo, foram importantíssimos para condicionar o jogo entre linhas das encarnadas. Estou muito curiosa para ver o seu crescimento ao lado de Brenda Pérez.

> Joana Martins: Bom jogo de Joana Martins que vai demonstrando um entrosamento cada vez maior nas dinâmicas táticas implementadas pela equipa técnica. Muito ativa e reativa, acaba por ser presenteada com um belo golo (erro da guarda redes adversária mas, ainda assim, o seu movimento de rotação sobre a adversária e a qualidade do remate são dignos de registo). Tem tudo para crescer sobre a orientação da Mister Mariana, pois as suas ideias de jogo parecem ser as ideais para "encaixar" uma jogadora com as características da Joana.

> Diana Silva: Mas que qualidade! Se Diana Silva já era uma jogadora diferenciada, o que dizer desta Diana que regressou de Inglaterra? Cada vez mais forte na finalização (2 golos de pé esquerdo), dona de uma velocidade extraordinária e de uma inteligência acima da média, é, a par de Brenda, a melhor contratação que fizemos. Não sei que mais diga sobre a nossa número 19. Capaz de explorar a profundidade, de aparecer nas alas ou entre linhas, e de assumir a primeira fase de pressão, foi uma autêntica dor de cabeça para as encarnadas, que nunca pareceram conseguir conter a avançada Leonina! Parece-me que esta será uma época de muitos golos para Diana Silva.

> Marta Ferreira: A avançada mais fixa das Leoas conseguiu colocar em prática uma das suas melhores características - o primeiro toque. Jogando quase sempre de costas da baliza, foi capaz de segurar a bola quando necessário e de combinar com as colegas, em rápidas transições ofensivas, a um, dois toques. É, como todos sabemos, uma jogadora com um toque de bola diferenciado, e neste jogo conseguiu demonstrá-lo em pleno. Conseguiu também, com as suas movimentações, arrastar as defesas encarnadas de forma a abrir espaço para as desmarcações de Diana. Acaba por desperdiçar, na primeira parte, uma excelente oportunidade de golo na cara de Carolina Vilão, mas acaba por se redimir com uma excelente assistência para o primeiro golo de Diana Silva. 
 

Substituições

> Rita Fontemanha: Média muito experiente e tecnicamente dotada, entra em campo para dar uma maior solidez ao meio campo Leonino, e maior capacidade de circular e manter a posse de bola. Faz um excelente jogo, à semelhança das suas colegas, tendo acabado o mesmo a envergar a braçadeira de capitã.

> Alícia Correia: Numa fase em que as encarnadas iam à procura do golo, com a entrada de Nycole, Alícia Correia foi uma jogadora essencial. Com uma capacidade de leitura de jogo acima da média, e uma maior apetência defensiva, e uma maior capacidade para jogar em terrenos mais interiores (comparativamente a Joana Marchão), foi capaz de manter a equipa equilibrada no momento defensivo, numa fase em que as Leoas se organizavam numa linha de 3 centrais, e de sair a jogar com qualidade. Bom jogo de Alícia.

> Inês Gonçalves: Entrou em campo numa fase em que as Leoas tinham o jogo completamente controlado e não atacavam com a mesma intensidade. Acabou por não ter muita influência no jogo, mas demonstrando a sua qualidade sempre que chamada a intervir no mesmo.

> Ana Teles: À semelhança de Inês Gonçalves, entrou algo tarde no jogo. No entanto, ainda teve algumas iniciativas interessantes a partir do corredor esquerdo, com algumas combinações ao primeiro toque. No entanto, a "ânsia" de mostrar serviço acabou por a prejudicar, visto que se precipitou em diversas situações. No entanto, fez uma exibição sólida e acredito que tem muito mais para mostrar.

> Bruna Lourenço: Entrou muito tarde no jogo, após Joana Marchão sair magoada, mas ainda foi a tempo de fazer alguns cortes importantes, numa fase em que as encarnadas tentavam, desesperadamente, diminuir o marcador. Jogadora de cariz mais posicional, entrou agressiva e inteligente, e esteve bastante bem nos poucos minutos em que jogou.


Excelente jogo das nossas Leoas, que controlaram todos os momentos do mesmo. Se é verdade que o Benfica esteve irreconhecível, também é verdade que isso se deveu, e muito, à competência demonstrada pelas nossas Leoas em todas as suas ações. Houve erros? Houve! Há coisas a corrigir? Imensas! Mas um resultado destes só pode trazer alento às jogadoras, à equipa técnica e a todos nós que tanto acreditamos neste projeto! Confiem no processo, continuem a dar tudo em campo, e os resultados continuarão a aparecer!


"Que a Nossa Crença seja a Vossa Força"
No Sporting jogamos sempre para ganhar! Vamos Leoas! 💪💚🦁


SL, Margarida 🦁

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