Sporting Clube de Portugal vs Sport Lisboa e Benfica (22/05/2021)

 

📷 Sporting Clube de Portugal - Futebol Feminino


22 de maio de 2021 - o dia em poderíamos ter festejado, mas acabámos em lágrimas. Confesso, foi o dia em que o meu coração se partiu, juntamente com os corações desta equipa. Mas já lá vamos...


Quero começar esta crónica pelo jogo contra o Braga, que teve lugar no dia 16/05/2021. Infelizmente, e por motivos pessoais e profissionais, não me foi possível assistir ao jogo em direto. Muito embora tenha gravado o mesmo, ainda não tive oportunidade de o rever e, neste momento, não sei quando o conseguirei fazer. Por essa mesma razão, e pelo facto de já ter lido diversas publicações sobre o jogo, e de já ter ouvido diversas opiniões, a minha análise não iria ser completamente livre de influências externas, pelo que decidi não analisar esse jogo. Partilho, no entanto, o seguinte: Não foi em Braga que perdemos o título! Sim, era um jogo decisivo. Sim, se não tivéssemos perdido teríamos chegado ao jogo do título numa posição mais confortável e com menos pressão. Tudo muito verdade. Mas, para mim, perdemos o título no primeiro jogo da Fase de Apuramento de Campeão, no empate caseiro contra o Famalicão. Foi esse o jogo que "assustou" as Leoas, e a partir do qual se notou uma perda de confiança das jogadoras nas suas qualidades individuais (não, não vou mencionar que, nesse jogo, a arbitragem foi para lá de péssima. Isso são fatores extrínsecos que não controlamos e com os quais temos que aprender a viver). Houve, no entanto, outro momento determinante. A final da Taça da Liga, a partir da qual a ansiedade por mostrar que estávamos vivas e na luta, se sobrepôs, em muitas ocasiões, à cabeça fria requerida. Mas nada disto tira mérito a tudo o que foi alcançado por este extraordinário grupo de jogadoras, esta família que ali se criou, e que tanto nos alegrou durante toda a época. Lutaram até ao último momento, com armas menos afiadas, mas sempre com muita garra, ambição, entrega e união. É o que todos os adeptos querem ver nos seus atletas!

Relativamente ao jogo de ontem, contra o Benfica... Não o vou analisar da forma usual, não vou analisar jogadora a jogadora, pois penso que não será a forma indicada ou justa para o fazer, dado o peso emocional do mesmo. Dito isto:

> Voltámos a sofrer um golo cedo, que nos obrigou a correr atrás do prejuízo. Esse golo, e tal como eu já tinha previsto na antevisão que fiz no Modalidades Com Voz (convido-vos a ler e a seguir este extraordinário blog), surge após uma transição ofensiva rápida do Benfica, aproveitando uma desnecessária perda de bola a meio campo por parte das Leoas. As encarnadas são letais e extremamente eficazes e, no primeiro remate à baliza, abrem o marcador. No entanto, as Verde e Brancas não baixaram os braços, não se renderam nem desorganizaram, e foram à procura do golo, tendo imposto o seu jogo e dominado toda a primeira parte. Escusado será dizer que este domínio foi parcialmente permitido pela equipa do Benfica, que soube fechar muito bem o corredor central e obrigou a equipa Leonina a apostar regularmente na procura da profundidade e no cruzamento, que nunca teve a afinação necessária para que houvesse lugar à finalização (pecámos muito no último terço, com algumas precipitações e incapacidade para finalizar). Na segunda parte, com a entrada da Amanda Pérez para o lugar da lesionada Andreia Jacinto, perdemos um pouco de capacidade de transporte e passes verticais, mas ganhámos músculo no centro do terreno, e isso foi notório no início da segunda parte. Passámos a ser mais capazes de explorar a zona central, como mais passes verticais e mais movimentações entre linhas, sendo mais capazes de encontrar espaços na linha recuada do Benfica. No entanto, mais uma vez, continuámos a falhar ao nível do último passe e finalização. Numa fase em que já tínhamos em campo uma ponta de lança que servisse de referência na área, e quando estávamos completamente desdobradas no ataque (a jogar com 3 defesas, e a nossa Nevena a tentar fazer de Coates), sofremos o 2-0 que sentenciava a nossa derrota no campeonato. Mais uma rápida transição ofensiva, e mais um momento de grande eficácia das encarnadas que, durante a segunda parte, apenas tinham feito 2 remates antes de marcar o segundo golo. É disto que se fazem os campeões, eficácia! Nós não o fomos nos momentos chave da época, e acabámos penalizadas por isso.  As nossas Leoas, no entanto, não baixaram os braços, e continuaram a lutar como se nada se tivesse passado, como se um golo fosse suficiente para lhes dar a vitória, e digo que senti um enorme orgulho ao vê-las lutar assim, com garra, determinação, entrega! Toda essa emoção e entrega acabou por ter um lado menos positivo, com a expulsão da Ana Capeta, que acabou por originar um momento que não nos orgulha, e certamente também não a orgulha a ela própria. O 3-0 surge de penálti (sim, é duvidoso, mas vamos mesmo centrar-nos nisso?), e pela mesma razão que o 2-0. Perda de bola, transição rápida do Benfica e consequente golo, mas de bola parada. Mesmo estando a perder por 3-0, e o título de campeãs se encontrar irremediavelmente perdido, as nossas Leoas pegaram na bola e continuaram a atacar a baliza das encarnadas, lutando por um resultado menos negativo até ao apito final! Se isso não é motivo de orgulho para os Sportinguistas, o que será?!

Perdemos este jogo, mais uma vez, devido à nossa incapacidade de tomar a decisão certa no último terço, quer a nível do último passe, quer a nível da finalização. Não me digam que foi feita uma abordagem tática desadequada, não me venham dizer que as jogadoras não tinham vontade de ser campeãs, não me venham dizer que é incompetência da treinadora (queria ver quem faria melhor com os escassos recursos que teve. Continuo a defender que deve ser ela a treinadora na próxima época, e na próxima, e na próxima. Não é uma opinião nada consensual, mas é a minha). Falhámos nos momentos mais importantes e acabámos por perder 2 troféus. Agora é altura de olhar para os erros, aprender com eles e trabalhar para os corrigir!

Muitos falam do desinvestimento na secção de Futebol Feminino do Sporting. Sim, concordo. Existiu, existe e continuará a existir. Sempre com a desculpa da aposta vincada no ADN Sporting! Essa aposta é, a meu ver, essencial! Basta olhar para a nossa equipa, onde esta época pudemos assistir à afirmação de diversas meninas da formação, e quer lutaram por 2 troféus, tendo apenas perdido no último momento. Mas, para que essa aposta seja sustentada e possa vir aliada a resultados, terá que estar associada a uma aposta forte (e por aposta entenda-se investimento) em jogadoras de qualidade inegável e maturidade suficiente para levar este clube ao sucesso. Aliar a experiência com a juventude é algo que apoio desde sempre, mas essa experiência por si só não chega, tem de estar patente uma qualidade inegável na jogadora, para que esta acrescente realmente valor ao plantel. Espero que investamos fortemente no nosso futebol feminino (embora não tenha muita esperança que tal aconteça), e saibamos fazê-lo corretamente, de forma equilibrada. A meu ver, faltam-nos jogadoras cuja qualidade individual seja capaz de decidir jogos (o que eu não dava por uma Cloé Lacasse!), e que sejam capazes de incrementar a qualidade dos processos e dinâmicas coletivas da equipa. Com as saídas da Raquel Fernandes e da Patrícia Morais já confirmadas, e outras que ainda se esperam, veremos como irá a nossa secção de Futebol Feminino gerir e preparar a próxima época. Fica aqui o desafio para a estrutura do Futebol Feminino do Sporting: E que tal começarem a exigir um pouco mais ao Clube? E que tal maior rigor, transparência e seriedade? Não estará na hora de abordar o futebol feminino com o profissionalismo que merece?


"Que a Nossa Crença Seja a Vossa Força!" 

Venha 2021/2022! Esteja quem estiver, venha quem vier, estarei sempre aqui a apoiar!


SL, Margarida 🦁

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