Rússia vs Portugal (2ª Mão do Playoff Qualificação Euro 2022 - 13/04/2021)

 



Não conseguimos o objetivo mais desejado, o Apuramento para o Europeu 2022... Mas não baixaremos a cabeça e lutaremos por mais e melhor! Força Portugal!



ANÁLISE AO JOGO

Primeira parte (apenas vi a espaços): Um pouco à semelhança do que já se tinha registado no jogo da primeira mão, a seleção portuguesa superiorizou-se à seleção russa nos primeiros 30 minutos de jogo, durante os quais conseguiu circular a bola com precisão e qualidade, mas sem nunca conseguir ameaçar realmente a baliza adversária. A Rússia voltou a apresentar-se muito pragmática, ocupando bem os espaços e entregando o domínio de jogo à equipa portuguesa, enquanto ia, através de transições rápidas e jogo direto, aproveitando os espaços criados pelo desdobramento das jogadoras portuguesas no ataque, tendo inclusive criado algumas situações de perigo.

Segunda parte: A Rússia entrou um pouco mais pressionante na segunda parte, e começou a tirar partido dos duelos físicos que ia ganhando às jogadoras portuguesas. O meio campo português, à semelhança do que aconteceu no jogo anterior, começou a perder fulgor, e as russas conseguiram aproximar-se mais, e com maior perigo, da baliza defendida por Inês Pereira. Francisco Neto fez 2 mexidas no meio campo, e Portugal voltou a crescer no jogo. No entanto, por mais que nos aproximássemos da baliza russa, faltava sempre presença na área e os lances acabavam por não levar o perigo desejado. De notar o remate da Dolores Silva (eu já gritava golo), para uma bela defesa da guardiã russa. Foi a situação mais perigosa para a equipa portuguesa em todo o encontro, que acabou por não conseguir concretizar qualquer oportunidade e falhou o acesso ao Europeu 2022.

Na generalidade: Jogo mais positivo da equipa portuguesa, quando comparamos com o jogo da primeira mão. A seleção russa voltou a entregar o controlo do jogo à seleção portuguesa, adotando uma abordagem mais pragmática e fria. Soube gerir bem a vantagem que trazia da primeira mão, e criou diversas situações de perigo, através de um jogo mais direto (tem jogadoras de elevado recorte técnico no ataque, que lhe permitem dar sequência a este tipo de jogada mais direta). Exploraram, por muitas vezes, o espaço nas laterais, pois Joana Marchão e Ana Borges estavam constantemente "abandonadas" no processo defensivo, dado que as médias acabavam por fechar os espaços interiores, e as avançadas não acompanhavam as laterais avançadas quando estas subiam no terreno. No que respeita à equipa portuguesa, em termos ofensivos, e principalmente durante a primeira parte, houve alguma falta de simplicidade nos processos, principalmente da parte de Jéssica Silva (aquela posição não a beneficia em nada), que optou por jogar bonito em vez de prático, perdendo algumas vezes a posse de bola. Kika voltou a conseguir ligar bem o jogo, aparecendo muitas vezes mais recuada para construir ou dar apoio frontal, o que originava um "buraco" na frente de ataque, nunca havendo alguém capaz de corresponder aos cruzamentos. A entrada de Telma e Ana Capeta (esperemos que não se tenha lesionado com gravidade) tinha como objetivo colmatar esta lacuna, mas acabou por não ter o impacto desejado.
Fica, no entanto, a ideia de que a nossa equipa será capaz de mais e melhor e, talvez, com um sistema de jogo diferente, com maior presença na área russa, teria conseguido marcar e alcançar o apuramento.

Rússia: Pragmática, fria e clínica. São os melhores adjetivos que encontro para descrever a estratégia adotada pela equipa russa. Muitos podem dizer que, em vários momentos, Portugal encostou a Rússia à sua área e que esta passou por momentos de aperto. Não sendo mentira, também não é totalmente verdade, dado que as russas entregaram o controlo de jogo às portuguesas, que gostam de ter bola, mas fecharam muito bem os espaços, obrigando a equipa portuguesa a ter que recomeçar o seu processo ofensivo por diversas vezes. Quando atacavam, criavam quase sempre perigo, ficando na retina o remate da lateral esquerda russa, para uma enorme defesa de Inês Pereira. A verdade é que acabam por se apurar com recurso a um golo algo caricato, mas têm muito mérito na forma como o fazem, pois abordaram ambos os jogos de forma bastante inteligente e, sempre que atacavam, faziam-no com critério e muito perigo.

ANÁLISE INDIVIDUAL DAS JOGADORAS

> Inês Pereira: Confesso que não esperava esta alteração. Embora, para mim, a Inês seja, neste momento, a melhor guarda redes portuguesa, pensei que o nosso selecionador optasse por manter a titularidade da Patrícia Morais, como forma de lhe dar confiança, depois do caricato golo sofrido no jogo de sexta feira. No que respeita à exibição, muito segura sempre que chamada a intervir. Perto do minuto 60, efetua uma defesa extraordinária, a remate da lateral esquerda russa. Manteve a baliza inviolada, algo que poderia ter sido determinante, caso a equipa portuguesa tivesse conseguido marcar.

> Ana Borges: Um pouco mais solta e interveniente, em termos ofensivos, do que no jogo anterior, foi mais uma boa exibição da nossa lateral. Assinou alguns bons centros, que infelizmente nunca tiveram o desfecho desejado - o golo. Sempre muito combativa, foi bastante castigada pelos ataques da equipa russa pelo seu corredor.

> Sílvia Rebelo: Uma exibição segura, onde são dignos de registo alguns cortes importantes. É uma jogadora muito experiente, mas limitada em termos físicos (muito lenta). No entanto, falhou um pouco na saída à portadora da bola, em diversos contra ataques da equipa russa, permitindo a sua progressão até à nossa área. 

> Carole Costa: Hoje mais influente no capítulo da construção, assinou uma boa exibição. À semelhança da sua companheira de setor, cometeu alguns erros que se revelaram inconsequentes. Permitiu algum espaço nas suas costas, que foi explorado pelas atacantes russas.

> Joana Marchão: Fiel a si mesma, combativa, intensa, forte nos duelos. Mais uma boa exibição da nossa lateral, embora tenha sido algo pressionada e castigada pelas atacantes adversárias, dada a falta de apoio das suas colegas, a certa altura do jogo. Teve algumas incursões ofensivas interessantes, mas algo "presa" ao setor mais recuado.

> Dolores Silva: Muito melhor do que no jogo anterior, esta foi uma exibição ao seu nível. Foi capaz de gerir o espaço entre a linha defensiva e a linha média, e iniciar a primeira fase de construção da equipa portuguesa. Muito mais segura com bola, ganhou diversos duelos a meio campo, tendo sido a autora daquele que foi o momento de maior perigo para a baliza russa, ao qual a guardiã adversária respondeu com categoria (infelizmente).

> Tatiana Pinto: Bom jogo de Tatiana, onde conseguiu melhorar no capítulo do passe, face ao jogo anterior. Sempre muito interventiva, tentou diversas incursões no ataque, em movimentos de rutura, mas sem nunca conseguir finalizar. Acaba por ser substituída, numa altura em que o jogo pedia alguma frescura a meio campo.

> Cláudia Neto: Uns furos abaixo daquilo que fez no último jogo, pela falta de espaço que a equipa russa lhe deu. É sempre uma jogadora muito importante para a equipa, dada a sua inegável qualidade. Mas, a certa altura do jogo, passa a ficar demasiado presa no ataque, deixando a equipa descompensada no momento de transição defensiva. Dá ideia de que é a única jogadora que realmente beneficia deste sistema 4x4x2 losango.

> Andreia Norton: Deu tudo de si, mas voltou a ser inconsequente. É uma excelente jogadora, mas hoje ficou um pouco aquém daquilo que é capaz. Acaba por ser amarelada por uma falta desnecessária, dada a superioridade numérica da equipa portuguesa, que bastaria para controlar o ataque da equipa russa. É, novamente, substituída na segunda parte, numa tentativa de Francisco Neto refrescar e dar mais poderio ofensivo ao meio campo.

> Francisca "Kika" Nazareth: Voltou a assinar uma boa exibição. Sempre muito envolvida na manobra ofensiva da equipa, é uma jogadora que gosta de ter bola e não tem medo de a procurar. Desceu várias vezes no terreno para construir jogo, mas as suas movimentações acabavam por criar um buraco na área russa, que demorava a ser preenchido pela equipa portuguesa, o que se refletiu um pouco na fraca capacidade da equipa finalizar jogadas de ataque.

> Jéssica Silva: Longe da Jéssica Silva de outros tempos. Não concordo com a sua inclusão no 11 inicial, dado que é uma jogadora que faz apenas o 3º jogo após lesão (1 foi amigável), e que há um ano que não compete ao mais alto nível, denotando falta de ritmo de jogo. É inegável a sua qualidade, mas complicou diversas vezes o simples, querendo jogar bonito em vez de prático. Digamos também que a posição em que jogou em nada a favorece, e apenas conseguiu desequilibrar quando descaiu para o corredor direito.


Substituições:

> Andreia Jacinto: Entrou para o lugar de Tatiana Pinto, numa tentativa de refrescar o meio campo português. Conseguiu fazê-lo, e teve algumas ações bastante interessantes, com e sem bola. A sua qualidade de passe esteve em evidência na construção de algumas jogadas ofensivas que, tal como todas as outras, se revelaram inconsequentes.

> Fátima Pinto: Muito combativa, intensa e forte nos duelos, tentou impulsionar a equipa para o ataque, aparecendo também na área a tentar finalizar. Foi um bom jogo de Fátima Pinto, que certamente cumpriu o estipulado por Francisco Neto mas que, infelizmente, acabou por não influenciar o marcador.

> Telma Encarnação: É uma jogadora rápida, intensa, com presença de área e faro de golo. Mas acabou por não ter influência no desfecho do jogo. Acabou a descair bastante para a ala esquerda, não sendo capaz de aparecer em zonas de finalização de forma regular.

> Ana Capeta: (para mim deveria ter sido titular) A sua entrada tinha como objetivo povoar o ataque português, e aumentar a presença na área russa. Infelizmente, acabou por estar tempo insuficiente em campo para poder ter alguma influência no resultado, acabando substituída devido a lesão. Esperemos que não seja nada de grave (aparentou ser uma entorse no pé esquerdo), e que volte rapidamente aos relvados e aos golos pelo Sporting Clube de Portugal! As melhoras Capeta!

> Catarina Amado: Entrou ao minuto 90' para o lugar da lesionada Ana Capeta. Estreia agridoce de Catarina Amado pela seleção nacional (gostaria muito de a ver a titular na lateral direita, com a Ana Borges a extremo), que acabou por não estar tempo suficiente em campo para ter qualquer influência no resultado.


Caímos, mas caímos de pé! Deixámos tudo em campo, e lutámos até ao último segundo! Tenho muito orgulho nesta equipa, nestas jogadoras! Fica, no entanto, a sensação de que, com um sistema tático diferente e que permitisse potenciar ao máximo as qualidades das nossas jogadoras (talvez não encaixasse a Cláudia Neto de forma tão natural, mas gostava de nos ver num 4x2x3x1, com a Cláudia a 10), poderíamos ter obtido um resultado diferente. É apenas a minha opinião...

O nosso momento chegará em breve. A qualidade destas jogadoras é enorme, e o seu crescimento tem sido notório e faz-nos acreditar em mais e melhor! Venha o apuramento para o Mundial! 💪💓


SL, M 🦁

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