Portugal vs Rússia (1ª Mão do Playoff Qualificação Euro 2022 - 09/04/2021)

 


A Vitória não nos sorriu, mas terça-feira há nova batalha. Nada está perdido! Vamos com tudo, Eu Acredito!


ANÁLISE AO JOGO

Primeira parte: Boa primeira parte da equipa portuguesa, principalmente os primeiros 30 minutos, onde empregaram muita intensidade ao jogo, muita posse e muita capacidade para criar situações de perigo. Meio campo muito pressionante na reação à perda de bola, mas a fechar mal, permitindo muito espaço no interior do terreno, principalmente nos últimos 10/15 minutos da primeira parte, onde se começou a registar muita distância entre a linha defensiva e a linha média. Conseguimos criar 3 excelentes oportunidades de golo, a primeira num remate espontâneo da Tatiana Pinto, uma de livre por Cláudia Neto, e outra protagonizada por Carolina Mendes, que falha a bola à boca da baliza. Algumas perdas de bola não forçadas a nível do meio campo, que permitiram transições ofensivas perigosas da Rússia, que demonstrou ter jogadoras com elevada capacidade para explorar os espaços entre as centrais, e procurar a profundidade em jogo mais direto.

Segunda parte: Notória quebra no rendimento do meio campo português, que voltou a demonstrar muita incapacidade para fechar os espaços à equipa russa, principalmente entre a linha defensiva e a linha média. Notou-se uma clara incapacidade para ligar o jogo, existindo diversas perdas de bola não forçadas. É verdade que a Rússia entrou muito mais pressionante na segunda parte, mas tal não justifica o "apagão" que se registou a nível do nosso meio campo. 99% das vezes, as russas conseguiam ganhar as segundas bolas à entrada da área portuguesa, aparecendo sempre 2 ou 3 jogadoras completamente livres de marcação. Após o golo sofrido, notou-se uma quebra anímica nas jogadoras portuguesas, algo que demorou algum tempo a ser ultrapassado, embora não o tenha sido por completo. Nota muito positiva para todas as jogadoras, que nunca desistiram de lutar pelo empate, nunca virando a cara à luta, e disputando todos os lances até ao fim.

Na generalidade: Extraordinária meia hora da equipa portuguesa, onde impôs o seu jogo, com muita posse e capacidade para criar perigo junto à baliza adversária. Após essa fase mais acutilante, a equipa portuguesa foi descendo de rendimento, e começou a sentir dificuldades para manter a posse de bola, registando-se diversas perdas de bola não forçadas. Na minha opinião, este 4x4x2 losango não é o sistema que melhor encaixa nas características das jogadoras portuguesas (atenção, é um sistema tático que aprecio bastante, mas que é extremamente exigente fisicamente, principalmente para as médias). Decorrente do sistema tático e das características das avançadas escolhidas por Francisco Neto, houve uma clara falta de presença nas alas ofensivas, dado que a Ana Borges praticamente não subiu no terreno, e a Joana Marchão poucas vezes o fez. Talvez um 4x1x3x2 (ou até 4x2x3x1), com a Norton, a Cláudia, e a Borges no trio de apoio a Carolina Mendes e Kika Nazareth, onde manteria a Dolores ou a Tatiana, como elemento mais recuado do meio campo. Neste tipo de tática, apostaria na Catarina Amado para a lateral direita defensiva, pois é uma jogadora que está num excelente momento de forma e, além das garantias defensivas que dá, sobe muito bem no terreno, conseguindo envolver-se muito bem no processo atacante. É também verdade que, atualmente, os esquemas táticos são "apenas" indicativos da colocação das jogadoras em campo, são um "ponto de partida", sendo priorizada a correta ocupação de espaços, por parte de cada jogadora individualmente, para que tal se reflita no posicionamento coletivo da equipa, e nas dinâmicas entre jogadoras. Ou seja, existe muito mais liberdade de movimentos e uma menor obrigatoriedade de determinada jogadora ficar fixa em determinada posição, mas tal exige bastante em termos físicos, mentais e de entrosamento, e hoje verificaram-se algumas fragilidades nesse sentido.
As substituições realizadas não surtiram o efeito desejado, sendo que houve uma "sobrelotação" do último terço do terreno, que não supriu a necessidade de maior e mais efetivo povoamento a nível de meio campo, continuando a permitir muitos espaços à equipa russa.

Rússia: Talvez algo surpreendida pela entrada fortíssima da seleção portuguesa, a Rússia demorou algum tempo a entrar no jogo, cingindo-se a fechar espaços e a apostar no jogo direto (muito assertivas nas suas ações). No final da primeira parte, começou a conseguir aproximar-se da área portuguesa através de uma manobra ofensiva mais organizada, algo que aplicou durante toda a segunda parte, que dominou quase por completo. Entrou muito mais pressionante no segundo tempo, e soube aproveitar bem o espaço criado pela equipa portuguesa, entre a sua linha média e defensiva. No entanto, têm alguma (muita) felicidade na forma como acabam por marcar o golo. No entanto, há que lhes dar mérito, pois se houve equipa que dominou a segunda parte, essa equipa foi a Rússia.

ANÁLISE INDIVIDUAL DAS JOGADORAS

> Patrícia Morais: Uma boa primeira parte, onde apareceu sempre concentrada, mesmo na fase em que a seleção portuguesa se encontrava a dominar o jogo. Na segunda parte, infelicidade no golo sofrido que, demonstrou algum excesso de confiança e displicência. É uma excelente guarda redes, mas este tipo de erros custam caro.

> Ana Borges: Muito contida, pouco se viu em jogo durante a primeira parte. Poucas investidas ofensivas, demonstrando estar muito mais focada no processo defensivo. Teve muito trabalho durante a segunda parte, mas conseguiu corresponder e intercetar diversas ações ofensivas da Rússia.

> Sílvia Rebelo: Jogo ao seu nível, tranquilo, foi conseguindo resolver as situações de perigo que iam surgindo. Fica, no entanto, a sensação de que poderia e deveria ter sido mais assertiva e interventiva na jogada que origina o golo da seleção russa.

> Carole Costa: Tal como a sua colega de setor, realizou um jogo tranquilo, onde não cometeu erros. Sentiu-se alguma falta da sua capacidade para lançar as transições ofensivas, com os seus passes longos a rasgar a defensiva adversária. Esta característica poderia ter sido melhor aproveitada na segunda parte, quando nos encontrávamos em desvantagem no marcador.

> Joana Marchão: Dona e senhora da lateral esquerda da seleção, Joana Marchão volta a fazer um excelente jogo. Está num momento de forma tremendo, e muito embora tenha tido muito trabalho com as incursões ofensivas da Rússia, conseguiu sempre fechar o caminho e intercetar as jogadas de perigo. Esteve algo ausente no que ao movimento ofensivo diz respeito, talvez por indicação do selecionador nacional Francisco Neto.

> Dolores Silva: Embora seja uma jogadora de imensa qualidade, para mim, hoje foi o elemento menos no meio campo português. Não teve a capacidade de ligar o jogo, nem de fechar espaços às jogadoras russas. Muitos passes falhados, muitas perdas de bola, muitos duelos perdidos, algo que não estamos habituados a ver acontecer com Dolores. Acaba por realizar a totalidade dos 90 minutos, embora se tenha notado a sua falta de presença em diversos momentos do mesmo.

> Tatiana Pinto: Tal como Dolores, errou no capítulo do passe, acabando por perder a posse de bola, principalmente na segunda parte. No entanto, na minha opinião, demonstrou um envolvimento quer defensivo, quer ofensivo, muito maior do que a Dolores, intercetando algumas jogadas perigosas da Rússia, e demonstrando maior capacidade para ganhar duelos individuais. Grande remate de pé esquerdo, ainda na primeira parte, que por muito pouco não deu em golo (excelente defesa da guardiã russa!).

> Cláudia Neto: Excelente primeira parte, onde jogou e fez jogar. Muito interessante a capacidade de ligação com a Kika, tendo construído diversas jogadas de perigo entre as duas. Desceu um pouco de rendimento na segunda parte, passando também a sofrer uma marcação e pressão mais apertadas. Tentou descair um pouco para a ala direita, mas acabou por não ter o sucesso desejado. Fica na retina o livre que bateu logo no início da primeira parte e que, por muito pouco, passou por cima da baliza russa.

> Andreia Norton: Sou fã da forma de jogar de Andreia Norton. Atualmente atua em terrenos mais interiores, procurando ligar o jogo e explorar o espaço entre linhas. A sua capacidade de decisão é notável, mas hoje esteve um pouco abaixo do nível a que nos tem habituado, aparecendo a espaços e não conseguindo ser regular durante todo o jogo. No entanto, conseguiu estar envolvida nalgumas das melhores jogadas ofensivas da equipa portuguesa.

> Francisca "Kika" Nazareth: Surpresa no 11 inicial de Francisco Neto, Kika foi uma das jogadoras mais esclarecidas da equipa portuguesa, durante todo o tempo que esteve em campo. Desenvolveu, em conjunto com Cláudia Neto, algumas das melhores e mais perigosas jogadas ofensivas. É uma jogadora que consegue fazer a ligação de jogo entre as médias e as avançadas, recebendo muito bem no apoio frontal, e decidindo praticamente sempre bem. A sua forma de jogar mais solta e não tão posicional poderia ter resultado muito bem com uma presença mais efetiva na área de Carolina Mendes, algo que acabou por não acontecer.

> Carolina Mendes: Jogo algo apagado de Carolina Mendes, que acaba por falhar, à boca da baliza, aquela que foi a melhor ocasião de golo da equipa portuguesa em todo o jogo! Não conseguiu ser a referência ofensiva portuguesa na área russa, tentando muitas vezes descer no terreno para efetuar a ligação com a linha média, mas sempre de forma algo inconsistente.


Substituições:

> Ana Capeta: A entrada de Ana Capeta, que para mim deveria ter sido titular ao lado da Kika, tinha como objetivo dar mais dinâmica, energia e raça ao ataque português. Podemos dizer que a substituição não teve o efeito desejado (atenção, raça não lhe faltou), mas muito por culpa da incapacidade do meio campo português em ligar o jogo com a linha avançada. Ainda teve uma oportunidade de remate, na área russa, após ressalto, mas acabou por não conseguir finalizar nas melhores condições. 

> Andreia Jacinto: Substituição que pecou por tardia, e escassa, dada a extrema necessidade de refrescar o meio campo português. Infelizmente, também não conseguiu colocar em campo a sua qualidade, da forma pretendida, pois a sua entrada revelou-se insuficiente para fazer renascer o meio campo português. Realizou algumas ações importantes a nível defensivo, mas não foi capaz de ligar o jogo com a linha ofensiva, com as ações de transporte que tanto a caracterizam.

> Ana Dias: Substituição algo em "desespero", promovendo a estreia da jogadora. Situação algo ingrata para Ana Dias, que tem a oportunidade de se estrear pela seleção portuguesa, num jogo marcado pela derrota. É, no entanto, uma jogadora muito interessante, com características um pouco diferentes das restantes avançadas da seleção. Neste jogo não se conseguiu mostrar como desejaria, embora tenha batalhado imenso, mas estou algo curiosa para ver o que consegue trazer à nossa seleção.

> Telma Encarnação: Mais uma substituição em "desespero". Francisco Neto opta por colocar em campo todas as suas avançadas quando, a meu ver, e durante toda a segunda parte, o que faltava a Portugal era a capacidade para discutir o jogo a meio campo e fechar os espaços à equipa russa. Telma conseguiu algum espaço na área russa, que ainda nos fez sonhar, mas acabou por ser desarmada.


Ficou provado, mais uma vez, que não é por estarmos em desvantagem no marcador, e em jogo onde a vitória é ainda mais "obrigatória", que devemos lançar avançadas ao "desbarato". Na minha humilde opinião, a incapacidade de Portugal atacar a baliza adversária, de ter mais posse e conseguir criar perigo, não se deveu às suas atacantes, mas à ausência de poderio a nível de meio campo. Não conseguíamos ligar o jogo, apostando no chutão para a frente, que as nossas médias não acompanhavam e, quando o faziam, abriam imenso espaço para as jogadoras russas explorarem entre linhas, algo que foi muito constante durante a segunda parte. Penso que a entrada da Andreia Jacinto peca por tardia, e eu teria lançado também a Andreia Faria, em vez da Ana Dias ou da Telma Encarnação. Mas pronto, isto é o que eu penso, é a minha forma de ler o jogo, leiga e sem conhecimento interno sobre as nossas jogadoras e as dinâmicas de grupo. Resta-me dizer: Força Portugal! Rumo ao Euro!! 💪

SL, M 🦁

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